quinta-feira, 31 de julho de 2008

Eu, herói. E o outro?

O estudo de crônicas é no mínimo provocador. Após 3 dias de estudos intensivos em capacitação pela secretaria de educação do Estado de Pernambuco, fui provocado por leituras de crônicas diversas. Em um determinado momento tive a impressão de que estava perdido no caminho da narrativa. Acredito que foi necessário fazer o caminho inverso da aprendizagem: a desconstrução de conceitos. Foi a partir do momento que me deparei com "as pedras no meio do caminho", que refleti sobre a prática do fazer narrativas em especial crônicas. Como é difícil! A "desconstrução" de conceitos serviu para mim como um espelho, pois vi em meus dilemas os conflitos e dififculdades enfrentadas muitas vezes encontradas pelos alunos e que não percebemos na maioria das vezes.
A construção da temporalidade, a definição de espaço, a seqüência de fatos e envolvimentos entre personagens, realmente, constitui barreiras difíceis de serem vencidas. É necessário força de herói para lutar e conquistar o misterioso tesouro do texto ficcional.
Bem, ao final de lutas construi o texto. Permita-me O TOM POÉTICO. Quem sabe um novo estilo de crônica já que este gênero é tão INOVADOR.

Eu, herói. E o outro?

Não!!!!
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Grito, sim!
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Contra tudo. Tudo que me decepciona, que me agride e que chega a agredir até o outro, que, sem saber, pensa estar tudo bem.
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Não adiantam suas lágrimas de apelos desmedidos. Soluços de pérfida emoção. Aparência de frívolos sentimentos.
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Ah!... Sim? Assim, não! Já disse!
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Pronto...? Concordar? Com quê?
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Se é... assim ...?
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Cumpra-se!
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Lutar, sim. O grito é a expressão da librdade!
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Liberdade que me motiva, antes pelos exemplos antes de mim e pelas vidas deste, daquele e daquel outro lá, ali, acolá.
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Dor!?
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... conseqüência de um ideal. A tua própria vida justifica a dor que me imputas. Agora ... então? Chegou a hora? Não temas, vá adiante.
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Vês o homem atrás de seu reflexo!?
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Levanta-te então e quebra o espelho que reflete a imagem pretendida.
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Conclamo, pois, a vós todos para saírem do lugar comum e escrever com palavras, sangue, vida a História de cada uma.
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Não está no momento de contemplação das figuras mofadas do assado. A hora é agora. Já diz a popular canção "quem sabe, faz a hora. Não espera acontecer". Então, ou sabe ou não sabe?
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Inércia não é qualidade de heróis. Severino de João Cabral se movimentou, santos agiram em defesa de sua fé,Maria da Penha não permitiu que as limitações físicas lhe tirassem a voz. Então?
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Sacode a poeira dos pés em repúdio a tua condição e solta o grito que deve estar preso em tua garganta.

É importante salientar que a crônica reflete um fato da vida real. Neste texto procurei refletir vários fatos de épocas diferentes presentificando a figura de heróis de ontem e de hoje, do real e da ficção, promovendo um diálogo com o homem comum (todos nós) sobre nossa condição heróica.

sábado, 7 de junho de 2008

Os Desafios da Educação de Jovens e Adultos

Ao observar meus estudantes da EJA (Educação de Jovens e Adultos), observei a dificuldade que representa para um ser humano voltar a estudar depois de anos fora da escola. O jovem ou adulto desenvolve uma leitura de si mesmo associada ao fracasso, incapacidade. E isto impregna todo seu ser, promovendo dificuldades de intra e inter-relações. Possivelmente em virtude desta auto-imagem deturpada de si e da realidade em que se circunscreve, o homem ou a mulher da EJA perde muitas muitas vezes a noção do ser social ativo, do cidadão co-responsável pela construção de uma sociedade plural em que deveria haver espaço para todos.
É bem possível que tal análise de si mesmo esteja determinada pelas relações de poder, muitas vezes opressoras,com as quais estes indíviduos tiverem contatos. Uma vez considerada esta premissa, faz-se necessário despertar neste grupo de discentes a luta pela humanização e pela superação da contradição opressor-oprimido (FREIRE:2005,62). Cabe, portanto, ao educador de EJA promover a liberdade criadora e aventuresca. Liberdade que está intrinsicamente associada à quebra dos paradigmas sociais com os quais tanto estudantes quanto docentes convivem. Desta forma, libertar consiste promover uma luta a favor de sua auto-afirmação enquanto SER socialmente constituido e ativo, como muito bem acentua FREIRE: "tal liberdade requer que o indivíduo seja ativo e responsável, não um escravo nem uma peça bem alimentada da máquina." (2005:62).
Neste contexto, a educação para Jovens e Adultos "se constitui (...) em meio a incertezas e desassossegos "(VIANNA, et all. in OLIVEIRA E PAIVA orgs. 2004:112). Assim o professor deve estar sempre em busca de um fazer pedagógico voltado para a busca da emancipação do SER. Na verdade, não aquele docente que se limita ao conteúdo acadêmico ou à educação bancária, antes promotor de desafios, incentivador da formação libertária que fomenta uma prática dialógica voltada para o protagonismo social.
Bibliografia
FREIRE,Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 2005.
OLIVEIRA, Inês de. PAIVA, Jane (orgs.). Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.