domingo, 18 de janeiro de 2009

Entre textos se tece uma História de leitura

As cantigas de ninar, os contos folclóricos e da literatura universal sempre estiveram presentes na minha vida, em especial, na minha infância. Foi exatamente em minha casa que ouvi várias vezes a estória de Cinderela através de um Compacto (espécie de disco miniatura em vinil). Ainda com minha família e vizinhos, ouvi as primieras cantigas de ninar, e não poderia esquecer as estórias de trancoso ( lendas, aventuras, mistérios do nosso povo). Então, a princípio, parecia que o encanto da literatura não estava para a escola, antes para o ambiente extra-escolar.
Pois é, a escola representava o lugar de aprender o ABC e a fazer contas. Aos 4 anos de idade, tive meu primeiro contato com a escola. É bem verdade que lá não se utilizava o texto escrito como instrumento para práticas de leitura. No entanto, pude compreender, embora de modo superficial, as primeiras relações sociais entre grupos diferentes, o que constitui uma forma de ler. Estava, pois, iniciando o meu processo de alafabetização, desde que considerado alfabetismo como bem atesta SOARES (2007:33) "o que as pessoas fazem com as habilidades e conhecimentos de leitura e escrita, em determinado contexto, e é a relação estabelecida entre essas habilidades e conhecimentos e as necessidades, os valores e as práticas sociais."
Mais tarde na escola, por volta dos meus 6 anos, só então o texto como unidade linguística constituída surge e a escola agora cumpre seu papel junto ao "ensino da leitura". Nesta época as atividades de leitura restringiam-se à decodificação. A partir de então entro em contato com as lendas folclóricas, as estórias que permeiam o surgimento da minha cidade, a biografia de santos católico (já que estudava em instituição confessional).
Contudo, os primeiros tesouros escritos encontrei-os em minha casa. Recordo-me nostalgicamente de certo dia quando decobri uma coleção de contos universais: Os três porquinhos, Rapunzel, João e Maria. Estes livros foram lidos e relidos muitas vezes. A estas eituras somavam-se as listas de compra dos pães que minha mãe escrevi para que eu pudesse comprar pães na padaria de seu Joãozinho. Não poderia deixar de registrar o dia quando ganhei os primeiros e únicos gibis (Turma da Mônica, Tio Patinhas e outros personagens de Walt Disney) ... Li-os também várias vezes; o engraçado que estes textos eram discriminados pela escola por fugirem à modalidade padrão da língua.
Na minha adolescência, decubro os romances, a beleza dos poemas locais e românticos como os góticos da 2ª geração, estes me inspiraram a produção de emus próprios poemas. Foi durante esta fase que aprendi a declamar as poesias de Austro Costa em oficina de interpretação promovida pela prefeitura. E continuei fascinado pela literatura descobrindo Bandeira, Drummond, João Cabral, Clarice Lispector, Pedro Xisto Fernando Pessoa, Machado deAssis, Alencar entre tantos. Quando li O Guarani, fascinei-me pelas aventuras de Peri em defesa de Ceci e de toda a família de D. Antônio de Mariz.
O tempo foi passando e pela graça de Deus, no auge de minha adolescência, tive contato íntimo com a leitura da Bílbia. A partir de então descobri as verdades contidas na literatura judaico-cristã, por exemplo, os Salmos, as narrativas históricas e heróicas dos reis e juízes, além das profecias, parábolas, epístolas e a misteriosa literatura apocalíptica.
Neste mesmo período passo no vestibular para Letras e começo a desenvolver as leituras de caráter científico mantendo contato com a mesma durante a especialização em Língua Portuguesa. Aproveito o momento para aprofundar meus estudos elaborando a monografia sobre a compreensão de textos concretistas do poeta Pedro Xisto. Além do mais, tive a oportunidade de desenvolver outras leituras em cursos de extensões na área de enfrentamento à violência, currículo escolar, entre outros.
Pois bem, hoje em minha prática utilizo diversos gêneros textuais o que oportuniza o atendimento às mais variadas culturas. Desta forma, por estabelecer uma prática eclética enquanto professor, procuro promover as mais distintas reflexões sobre o mundo em que estamos inseridos, logo, com o qual me comprometo e sobre o qual atuo como agente trasnformador.
Bibliografia
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 5ed. São Paulo: Contexto, 2007.